EU ACORDEI cedo na manha de 2 de maio, 2011, com a notícia fantástica que o terrorista mais procurado do mundo, Osama Bin Laden, havia sido encontrado e morto por forças especiais dos EUA no Paquistão. Não só isso, mas que seu corpo havia sido levado ao Afeganistão e depois levado para o navio de guerra USS Carl Vinson, no norte do Mar Arábico, onde seu corpo foi sepultado no mar depois do seu corpo ser lavado e orações islâmicas.
Cenas dos americanos jubilosos no Ground Zero em Nova York e reunidos em frente à Casa Branca em Washington, DC, mostrou-lhes gritando slogans patrióticos e segurando cartazes onde se lia, entre outras coisas, "EUA 1, OBL 0". Para mim esta manifestação de patriotismo foi de mau gosto, mas totalmente compreensível, dada as 3.000 pessoas que morreram nas Torres Gêmeas e no Pentágono, quando o aviões seqüestrados pelos terroristas da Al-Qaeda bateram contra eles no 11 de setembro de 2001.
Imediatamente, a mídia começou a relatar que OBL usou sua esposa mais jovem como escudo humano quando os Seals dispararam contra ele em sua suíte no terceiro andar de um casarão no interior de um complexo fortificado na vila militar de Abbotabad, a apenas 50 quilômetros ao norte de capital paquistanesa, Islamabad. Isto mais tarde se revelou ser falso. O que parece ser verdade é que os Forças Especiais americanas voaram de baixo do radar de sua base no Afeganistão, ate o complexo do OBL e entrou nele num tiroteio que durou 40 minutos. Um dos três helicópteros utilizados no ataque foi destruído e deixado para trás depois que sofreu uma avaria mecânica.
A Casa Branca, depois, divulgou uma foto dramática supostamente mostrando o presidente Barack Obama, o vice-presidente Joe Biden, a secretária de Estado, Hillary Clinton e outros funcionários assistindo a um vídeo ao vivo da incursão do complexo do OBL. Obama é visto carrancudo e Clinton está cobrindo a boca com a mão direita, como se em horror. Era como se a vida real estava imitando um episódio de "24". Esta foto foi mais tarde provada ser encenada, como o chefe da CIA, Leon Penetta disse à imprensa que houve um blecaute de 20-25 minutos no vídeo ao vivo a partir do ataque em que ele e outros na CIA esperaram ansiosamente em um quarto sem janelas na sede de operações da CIA em Langley, Virgínia, à espera de notícias sobre a invasão.
A decisão do presidente Obama na quarta-feira de não liberar quaisquer fotos ou vídeo mostrando o OBL morto, porque as imagens eram demasiado horríveis e poderiam incitar o ódio e mais violência contra os EUA e americanos no mundo muçulmano, imediatamente levantou as suspeitas dos adeptos das teorias de conspiração em torno do mundo que talvez OBL não estava realmente morto, ou que ele tivesse realmente morrido anos atrás. De fato, foi relatado, já em 2002 que ele sofria de insuficiência renal e necessitava de diálise regular de seu sangue. Em uma entrevista estranha que o ex-primeira ministra paquistanesa Benazir Bhutto deu a David Frost, em 2007, poucos meses antes de seu brutal assassinato, ela alegou que OBL tinha sido assassinado no Paquistão por militantes paquistaneses.
O aspecto mais preocupante de todo esse episódio é o nível de envolvimento paquistanês em esconder a presença de OBL no Paquistão por tanto tempo. Alguns relatos dizem que o terrorista saudita tinha vivido em Abbotabad desde 2006, bem debaixo do nariz de uma academia de elite militar próxima e os muitos oficiais militares aposentados que vivem na área. O apoio de grupos terroristas no Paquistão e dos mujahideen afegãos por elementos dentro dos serviços de inteligência paquistanês era suspeitada por muitos anos. Os EUA forneceram o Paquistão com US$7 bilhões em ajuda militar e econômica na última década, e o Congresso dos EUA certamente agora vai tentar cortar o auxílio na sequência da descoberta e da morte de OBL bem dentro do território paquistanês.
A morte de OBL, obviamente, não significa o fim da Al-Qaeda. Longe disso, a organização terrorista tem muitas células e comandantes. O jornalista saudita Jamal Khashoggi, que conhecia OBL quando ele lutava contra a ocupação soviética do Afeganistão no início dos anos 1980, diz que OBL teve uma participação muito pequena na execução de ações terroristas do grupo, e que funcionou mais como uma figura carismática. Contudo, também é um fato que a Al-Qaeda perdeu muito de seu apoio no mundo islâmico, especialmente após os ataques sangrentos na Arábia Saudita em 2004 e no Iraque. A onda de revoluções árabes na primavera deste ano na Tunísia, Egito, Líbia, Bahrein e na Síria, liderada principalmente por jovens não-militantes, sugere que a Al-Qaeda e sua ideologia intolerante e religiosa tem sido deixado para trás.
Os republicanos mais extremos nos EUA, depois da morte de OBL, foram forçados a admitir que Obama fez bem em capturar e matar OBL (vendo o ex-vice-presidente Dick Cheney ter que elogiar a vitória de Obama numa entrevista na TV foi o maximo!), Estão agora tentando vincular o sucesso dos EUA no Paquistão a informação recolhida por torturar suspeitos de terrorismo em todo o mundo e em Guantánamo. John Woo, o antigo oficial do Departamento de Justiça, sob a administração Bush, que deu cobertura legal para o afogamento e outros métodos fortes de interrogatório de suspeitos de terrorismo, escreveu esta semana no Wall Street Journal que a morte de OBL nas mãos das forças americanas era de fato devido as táticas de interrogação dos EUA que Obama não usa mais. Acho isso difícil de acreditar, porque foi o acompanhamento de um dos funcionários de OBL há vários anos que, finalmente, trouxe os americanos para as paredes de 12 metros de altura do complexo de OBL em Abbotabad, e não tortura.
Woo também afirma que Obama disse especificamente aos seus comandantes militares que OBL não devia ser capturado vivo porque se não iria dar um problema em termos de onde o OBL ficaria preso enquanto ele estava sendo interrogado. Como aponta Woo, o Obama certamente não quero ter que colocar um OBL capturado na Baía de Guantánamo, e como os EUA descobriram, nenhum país queria OBL quando ele estava morto, quanto mais vivo.
A administração Obama já admitiu que alguns dos detalhes que inicialmente forneceu à imprensa sobre a invasão do complexo do OBL estavam errados. Alguns políticos republicanos em Washington têm apontado que funcionários do governo americano deveriam ter dito que não sabiam ao certo quando foram perguntados pela imprensa sobre a operação secreta.
Essa operação toda deixou as relações EUA-Paquistão em frangalhos, com desconfiança dos dois lados em um nível recorde. As autoridades paquistanesas estão reivindicando agora que eles colocaram o seu governo numa situação difícil por ter apoiando abertamente ataques militares dos EUA contra alvos no Paquistão e no Afeganistão. E de fato há um sentimento anti-americano no Paquistão, especialmente nas áreas de fronteira, perto do Afeganistão. O fato de que a administração Obama triplicou o número de ataques com drones contra alvos no Paquistão, em comparação com a administração Bush, de acordo com Woo, certamente não vai aumentar a popularidade do governo paquistanês nas zonas mais conservadoras e religiosas do país.
Obama e o governo do Paquistão têm agora uma tarefa muito delicada de continuar a se mover para a frente sem perder o foco com a guerra contra os terroristas islâmicos. Ao mesmo tempo, os americanos tem que ganhar corações e mentes no mundo islâmico, e convencer os muçulmanos de forma convincente ao redor do mundo que a guerra contra o terror não é uma guerra contra todos os muçulmanos, mas é apenas contra os fanáticos que são contra o Ocidente e as liberdades das sociedades pluralistas. Isso tem sido e continuará a ser a parte mais difícil.
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