O candidato Hamdeen Sabahi no Cairo.
Rasheed Abou-Alsamh - Especial para O Globo
CAIRO — As origens humildes do veterano político nasserista Hamdeen Sabahi lhe renderam um apoio pequeno, mas fiel. Aos 58 anos, eleito duas vezes para o Parlamento pelo partido Karama (Dignidade), é um dos 13 candidatos à Presidência do Egito.
O GLOBO: O que é mais importante agora para o Egito?
HAMDEEN SABAHI: Um presidente que complete a Revolução de 25 de janeiro. Existem dois tipos de candidatos presidenciais: os que querem abortar a revolução e os que querem continuá-la ou completá-la. Não é o momento ainda para julgar se a revolução foi bem-sucedida ou sufocada. Tudo depende das próximas eleições. Se o presidente for escolhido a partir da Praça Tahrir, significa que a revolução foi bem-sucedida.
O Scaf (conselho militar) realmente deseja que a revolução seja um sucesso?
SABAHI: Não importa o que pensa o Scaf. O que conta é o que as pessoas pensam, porque esta é uma revolução do povo, e não do conselho militar. E é o povo que vai eleger o novo presidente, não o Scaf.
A que atribui o bom desempenho dos partidos islâmicos nas eleições legislativas?
SABAHI: A vontade de mudança política é muito importante. Os islamistas foram reprimidos, o que lhes deu a capacidade de se organizar e alcançar sua base de apoio por meio de serviços sociais, e isso teve um grande papel em sua popularidade. Mas depois que conseguiram a maioria dos assentos no Parlamento, muitos dos que os elegeram ficaram deprimidos com o seu desempenho. Portanto, nesta fase, quem não está se saindo bem politicamente vai perder a credibilidade dos eleitores.
Não é cedo para julgá-los?
SABAHI: Claro que é. Mas é a impressão que estão dando aos eleitores. Depois de uma revolução, há uma overdose de expectativas, que é a principal causa dessa depressão, especialmente depois de duas más decisões. Em primeiro, a maneira como formaram a Assembleia Constituinte. Em segundo, quando a Irmandade Muçulmana lançou um candidato a presidente. Eles mentiram ao povo, porque inicialmente disseram que não teriam candidato. Então, é claro, os eleitores se sentiram ofendidos.
Se eleito, como ficam suas relações com o Scaf?
SABAHI: Respeito as instituições militares, e um dos meus objetivos é ter uma força militar forte para proteger o Egito de ameaças externas. Por outro lado, não entendo por que estão matando pessoas. Não há saída segura para os líderes militares. Eu apoiaria julgamentos justos dos generais responsáveis por esses crimes. Não há imunidade diante disso.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/mundo/ha-os-que-querem-abortar-revolucao-diz-candidato-presidencia-do-egito-4773184#ixzz1tdRatRxW
Comments
Leave a comment